Como se não bastasse a pressão de ter que escolher uma “carreira pra vida” com menos de 20 anos, é na década dos 20 aos 30 que você tem que resolver a sua vida inteira.
Tem que curtir muito, não pode recusar uma festa, uma balada, dormir pra quê? Mas também tem que ser um profissional exemplo, sangue no olho, camisa da empresa, o pacote todo. Tem que saber o que quer, pra onde quer ir e como chegar lá. Parece familiar?
Há alguns meses participei de uma mentoria de carreira em sustentabilidade (obrigada Dani e todas as pessoas incríveis que fazem parte) e, entre a muitas trocas ricas que rolam até hoje, estávamos conversando sobre essa preferência do mercado por profissionais muito jovens – mas claro, com expertise sênior, né?
Uma série de programas e até projetos de voluntariado incríveis que tem idade máxima para participar. Até 2 anos de formado (mas com 5 anos de experiência). Até 30 anos. Até 35 anos. O que acontece com os profissionais após os 30 que procuram trabalho ou querem mudar de área?
Sabemos bem que trabalharemos por muitos anos. Me parece, no mínimo, injusto restringir as possibilidades para quem já passou dos 30 – veja bem, não é nem a metade da vida.
Não há nada de errado em não saber o que quer aos 18, aos 25, aos 30, 40, 60 anos. Saber o que quer demanda prática, experimentação. E também não há nada de errado em mudar de ideia no caminho.
A vida é um percurso, não um ponto de chegada. E é longa. Se a crise climática permitir e a saúde física e mental contribuírem, espero chegar aos 90. Então por que a pressa? Por que viver a vida inteira em uma década só? Por que achar que não ter a vida ganha aos 30 significa que há algo errado?