#06 – O aspecto pessoal da crise climática (Inspirada pela Newsletter Clímax)
Escrita em 30/01, 00:23, sábado, lua cheia em leão
Faz um tempo que eu passei a assinar a newsletter Clímax, sobre crise climática, mas eu confesso que nessa cabecinha acelerada aqui, um e-mail que não chega no horário “mais oportuno” às vezes é deixado pra lá, mesmo que me interesse.
Mas logo hoje, a primeira que eu li na íntegra, rolou um questionamento de “Como a preocupação com a crise climática muda a sua vida pessoal?” – e a verdade é que assim, na primeira lida, eu não consegui pensar bem em como responder. Fiquei até meio chateada, confesso, por que além de ser um tema que pra mim é muito forte – até porque eu leio e/ou escrevo e/ou falo sobre isso todos os dias –, hoje mesmo eu tava lendo um trecho do livro On Fire (da Naomi Klein) que fala sobre a dificuldade de narrativa e a inação climática. Sobre sabermos o que estamos fazendo de errado e não mudar. E me senti muito impotente ao ficar tipo: nossa, mas será que não muda em nada minha vida pessoal?
Mas daí, enquanto eu escrevo aqui, fui me lembrando de algumas coisas. Passei a estudar e ler mais, pra entender melhor a emergência em que a gente se encontra. Mas também com um certo bloqueio às vezes, porque esse tema me dá ansiedade real - se leio sobre a crise climática à noite, tenho muita dificuldade para dormir. Já vi que fiz mal em escrever sobre ela nesse horário.
Talvez eu seja um pouco obcecada com o tema também, porque estou sempre lendo sobre e pensando em alguma coisa que eu possa fazer pra trabalhar no combate/mitigação/adaptação à crise do clima.
Me vi ativista ambiental e comunicadora também. Assim né, sou engenheira ambiental, tenho um background mais pra exatas mas eu amo – e sempre amei – escrever. E passei a pensar em formas de escrever/comunicar sobre essa treta em que a gente se mete cada vez mais. E passei também a questionar meu trabalho, minha área de atuação e por que eu quis trabalhar com meio ambiente. Tô falando de coisas que aconteceram mais ou menos nos últimos anos, então não foi um artigo que me deu um estalo, foi um conjunto de coisas que ajudou nessa construção.
Também parei de comer carne por causa dos impactos do agronegócio no clima. E na verdade eu evito também outros derivados de animais o máximo possível. E, pensando bem, isso teve um belo de um impacto nas minhas relações, embora na grande maioria não tenha sido vista com preconceito. E na minha relação comigo mesma também, já que mudou minha forma de encarar as refeições, fez eu me interessar muito por temperos e comida, e até por nutrição durante uma época. Fez eu aprender e gostar muito de cozinhar.
Por fim (e por enquanto), eu acho que mudou também a minha percepção da política, das corporações, do sistema e das múltiplas crises que vivemos. Antes eram coisas meio soltas na minha cabeça, mas a partir do momento que comecei a ler sobre isso sob uma perspectiva interseccional (obrigada, Modefica), as coisas foram se encaixando num emaranhado muito complexo e, com o tempo, cada vez mais claro também.